11. A nova canção do Chapéu Seletor

Harry não queria dizer aos outros que ele e Luna estavam tendo a mesma alucinação, se era isso mesmo, então não disse mais nada sobre cavalos, aconchegou-se na carruagem e bateu a porta atrás de si. Sem mais o que fazer, não pôde parar de olhar as silhuetas dos cavalos se mexendo pela janela.
- Alguém viu aquela mulher, a Grubbly-Plank? - perguntou Gina. - O que ela está fazendo aqui? Hagrid não pode ter saído, pode?
- Eu ficaria bem feliz se ele saísse - disse Luna -, ele não é um professor muito bom, é?
- Sim, ele é! - disseram Harry, Rony e Gina raivosamente.
Harry encarou Hermione. Ela limpou a garganta e disse rapidamente.
- Er... Sim... Ele é muito bom.
- Bem, nós, da Corvinal, o achamos uma piada - disse Luna, sem se chocar.
- Então você tem um horrível senso de humor - Rony respondeu bruscamente, enquanto as rodas abaixo estalaram em movimento.
Luna não pareceu se importar com a grosseria de Rony; pelo contrario, ela simplesmente os observou por um tempo como se ele fosse um programa de televisão um tanto interessante.
Chocalhando e balançando, as carruagens se moveram em escolta pela estrada. Quando passaram entre os altos pilares de pedra cobertos com javalis alados em ambos lados dos portões do jardim da escola, Harry se inclinou para frente para tentar ver se tinha alguma luz na cabana de Hagrid, na Floresta Proibida; o terreno estava em completa escuridão. O castelo de Hogwarts, no entanto, surgia ainda mais perto: uma massa elevada de torres, jatos negros contra o céu escuro, aqui e ali uma janela chamejante brilhava acima deles.
As carruagens pararam perto de uns degraus de pedras que levavam para as portas de carvalho da frente e Harry foi o primeiro a sair da carruagem. Virou de novo para ver se ascenderam as janelas da cabana da Floresta, mas definitivamente não havia sinal de vida na cabana de Hagrid. Derrotado, porque tinha tido uma meia esperança que tivesse sumido, ele virou seus olhos para as estranhas e esqueléticas criaturas que ficavam paradas quietas no frio ar noturno, com seus olhos brancos brilhando.
Harry já tinha tido a experiência de poder ver o que Rony não podia, mas aquilo tinha sido um reflexo no espelho, algo muito mais insubstancial que uma centena de bestas aparentemente muito sólidas e fortes o suficiente para empurrar num vôo uma frota de carruagens. Se Luna era para ser acreditada, as bestas estavam sempre lá, mas eram invisíveis antes. Então, por que Harry passou de repente a poder enxergá-los e por que Rony não?
- Você vem ou o quê? - disse Rony atrás dele.
- Ah... Sim - disse Harry rapidamente e se juntou à apressada multidão que subia os degraus de pedra dentro do castelo.
O Saguão de Entrada estava flamejante com tochas e ecoando com os passos enquanto os estudantes cruzavam os enfraquecidos pisos de pedra para as portas duplas à direita, levando para o Salão Principal e ao banquete de início do ano letivo.
As quatro longas mesas das casas estavam se enchendo embaixo de um teto negro sem estrelas, que era igual ao céu que podiam entrever pelas janelas. Velas voaram em meio ao ar por toda a mesa, Iluminando os fantasmas prateados que estavam parados sobre o Salão e os rostos dos estudantes falando ansiosamente, trocando novidades de verão, gritando boas-vindas a amigos de outras casas, comentando um ou outro novo corte de cabelo ou manto. De novo, Harry percebeu pessoas colocando suas cabeças juntas e cochichando enquanto ele passava; rangeu os dentes e tentou fingir que não viu ou não ligou.
Luna se separou deles na mesa da Corvinal. No momento em que chegaram a Grifinória, Gina foi saudada por uns amigos do quarto ano e foi sentar com eles; Harry, Rony, Hermione e Neville encontraram seus lugares juntos mais ou menos no meio da mesa, entre Nick Quase Sem Cabeça, o fantasma da casa de Grifinória, e Pavarti Patil e Lilá Brown, as últimas duas que deram a Harry uma arejada e exagerada boas-vindas que o fez ter quase certeza que elas acabaram de falar dele. Mas tinha coisas mais importantes para fazer, no entanto: estava olhando por cima da cabeça dos estudantes para a mesa de professores, que ficava no final do Salão.
- Ele não está aqui.
Rony e Hermione olharam a mesa também, mas não era realmente necessário; o tamanho de Hagrid o fazia instantaneamente óbvio em qualquer linha de visão.
- Ele não pode ter saído - disse Rony, soando um pouco ansioso.
- É claro que ele não saiu - disse Harry firme.
- Você não acha que ele se... Machucou, ou algo do tipo, você acha? - disse Hermione com dificuldade.
- Não - disse Harry de uma vez.
- Mas onde ele está, então?
Houve uma pausa e Harry disse bem baixinho, tanto que Neville, Pavarti e Lilá não puderam ouvir.
- Talvez ele ainda não voltou. Vocês sabem... Da sua missão... Aquilo que ele estava fazendo para Dumbledore no verão.
- Sim... Sim, deve ser isso - disse Rony, soando seguro novamente, mas Hermione mordeu seus lábios, olhando pra cima e pra baixo pela mesa dos professores como se tivesse esperando por alguma explicação conclusiva sobre a ausência de Hagrid.
- Quem é aquela? - ela disse cortantemente, apontando para o meio da mesa de professores.
Os olhos de Harry seguiram os dela. Pararam primeiro sobre o professor Dumbledore, sentando em sua alta cadeira dourada ao centro da longa mesa de professores, vestindo um manto roxo-escuro espalhado com estrelas prateadas e com um chapéu combinando. A cabeça de Dumbledore estava inclinada voltada para a mulher sentada próxima a ele, que estava falando em seus ouvidos. Parecia, Harry pensou, como uma tia solteira de alguém: agachada, com um curto, ondulado, cabelo marrom de rato em que tinha colocado uma horrível faixa de Alice, que combinava com o peludo cardigã rosa que vestia sobre seu manto. Então ela virou seu rosto levemente para beber um gole de seu cálice e ele viu, com um choque de reconhecimento, um pálido rosto que parecia um cogumelo e um par de proeminentes olhos iguais a bolsas.
- É aquela mulher, Umbridge!
- Quem? - disse Hermione.
- Ela estava em minha audiência, ela trabalha para Fudge!'
- Ótimo cardigã - disse Rony, sorrindo.
- Ela trabalha para Fudge! - Hermione repetiu, zangada. - Que diabos ela esta fazendo aqui então?
- Não sei...
Hermione olhou a mesa dos professores, seus olhos se estreitaram.
- Não - ela murmurou. - Não, com certeza não...
Harry não entendeu sobre o que ela estava falando mas não perguntou; sua atenção foi pega pela professora Grubbly-Plank, que tinha acabado de aparecer atrás da mesa dos professores; ela continuou seu caminho até o final da mesa e sentou no lugar que seria de Hagrid. Isso significava que os alunos do primeiro ano já haviam cruzado o lago e logo depois as portas do Salão Principal se abriram. Uma longa fila de alunos com caras assustadas entrou, liderada pela professora McGonagall, que estava carregando um banco onde havia um antigo chapéu de bruxo, pesadamente remendado e com um grande rasgo perto da desgastada aba.
O zumbido da fala no Salão Principal acabou. Os alunos do primeiro ano se enfileiraram em frente à mesa de professores e ficaram encarando o resto dos estudantes, a professora McGonagall colocou o banco cuidadosamente à sua frente e então foi para trás.
Os rostos dos alunos do primeiro ano brilharam palidamente sob a luz das velas. Um pequeno garoto no meio da fila pareceu que estava tremendo. Harry relembrou, passageiramente, como ele tinha ficado aterrorizado quando estivera lá, esperando pelo desconhecido teste que determinaria a casa a qual pertenceria.
Toda a escola esperava com uma respiração reduzida. Então o rasgo perto da aba abriu, como se fosse uma boca, e o Chapéu Seletor entoou numa música:
"Em tempos antigos, quando eu era novo
E Hogwarts mal havia começado
Os fundadores dessa nobre escola
Achavam que nunca se separariam:
Unidos por um objetivo comum,
Eles tinha a mesma aspiração,
Fazer a melhor escola de magia do mundo
E passaram todo o conhecimento deles.
'Juntos nós construímos e ensinamos'
Os quatro bons amigos decidiram
E nunca sonharam que eles
Seriam divididos algum dia,
Pois onde poderia haver amigos
Como Slytherin e Gryffindor?
A não ser se fosse o segundo par
De Hufflepuff e Ravenclaw?
Então como pode ter dado tão errado?
Como pode tal amizade falhar?
Bem, eu estava lá e posso contar
Todo o triste, pesaroso conto.
Disse Slytherin 'Nós ensinaremos apenas aqueles
Cujo ancestral é puro'
Disse Ravenclaw 'Nós ensinaremos aqueles
Cuja Inteligência é perfeita'
Disse Gryffindor 'Nós ensinaremos todos aqueles
Com bravos atos em seu nome'
Disse Hufflepuff 'Ensinarei a laia,
E os tratarei como iguais.'
Essas diferenças causaram poucas discussão
Quando pela primeira vez vieram à luz,
Pois cada um dos fundadores tinha
Uma casa em que podiam
Pegar somente o que ele queriam, então,
De início, Slytherin
Pegou somente bruxos de sangue puro
De grande astúcia, que nem a ele,
E apenas aqueles com a mente afiada
Eram ensinados por Ravenclaw
Enquanto os mais bravos e destemidos
Foram com o audacioso Gryffindor.
Boa Hufflepuff, ela pegou o resto,
E ensinou a eles tudo que sabia,

0 comentários:

Postar um comentário