-Sei que vou lamentar ter perguntado – disse Matt, tirando os olhos avermelhados fixos na estrada para Stefan sentado no assento do passageiro junto a ele. – Mas, pode me dizer por que queremos esta super-especial, não disponível localmente, erva daninha semi-tropical para Elena?
Stefan olhou o assento posterior, onde repousavam os resultados da busca através de sebes e zonas herbáceas. As plantas, com seus talos verdes ramificados e suas pequenas folhas dentadas, elas se pareciam com ervas daninhas mais do que qualquer coisa. Os secos restos de flores nos extremos dos talos eram quase invisíveis, e ninguém podia fingir se quer que os brotos eram decorativos.
-E se eu dissesse que podem ser usadas para produzir um colírio totalmente natural? – sugeriu depois de um momento de reflexão. – Ou um chá de ervas?
-Por que? Estava pensando em dizer algo parecido?
-Na realidade, não.
-Bem. Porque se fosse, eu provavelmente ti derrubaria com um soco.
Sem olhar realmente para Matt, Stefan sorriu. Havia algo novo que se agitava em seu interior, algo que não fazia sentido durante quase cinco séculos, exceto com Elena. Aceitação. Cordialidade e amizade compartilhadas com outro ser humano que não conhecia a verdade sobre ele mas que confiava nele de qualquer forma. Não estava seguro se merecia, mas não podia negar o que significava para ele. Quase se sentia... humano outra vez.
Elena contemplou fixamente a imagem no espelho. Não havia sido um sonho. Não por completo. As feridas no pescoço lhe provavam. E agora que as havia visto, advertiu-lhe a sensação de tontura, de letargia.
Era sua culpa. Havia se preocupado tanto em advertir Bonnie e Meredith de que não convidassem conhecidos a entrar em suas casas... E havia se esquecido que ela mesma havia convidado Damon a entrar na casa de Bonnie. Tinha feito naquela noite em que havia organizado o jantar silencioso na mesa de Bonnie e gritada para a escuridão: “Entra”.
E o convite iria se manter para sempre. Ele podia regressar a qualquer momento se quisesse, inclusive agora. Especialmente agora, que ela estava frágil e poderia ser hipnotizada facilmente para que voltasse a abrir a janela.
Saiu cambaleante do banheiro, passando junto a Bonnie no caminho ao quarto de hospedes. Agarrou sua bolsa e começou a botar suas coisas nela.
-Elena, não pode sair assim!
-Não posso ficar aqui – respondeu ela.
Passou uma olhada no quarto procurando os sapatos, os descobriu perto da cama e foi até eles. Então se deteve, com um som abafado. Descansando sobre as roupas havia uma solitária pluma negra. Era enorme, horrivelmente enorme e real e sólida, com um grosso cunho de aspecto ceroso. Resultava quase obcena descansando ali sobre os brancos lençóis de percal.
Uma sensação de náusea se apoderou de Elena, que virou sua cabeça. Não podia respirar.
-Ok, ok – disse Bonnie – Se se sente assim, farei papai leva-la para sua casa.
-Você também tem que vir.
A Elena acabara de vir a mente que Bonnie não estava mais segura naquela casa do que ela estava. “Você e seus entes queridos”, recordou, e girou para pegar o braço da amiga.
-Tem que vir. Preciso de você comigo.
E no final ela foi. Os McCullough pensavam que estava histérica, que reagiu de forma exagerada, que possivelmente estava com uma crise nervosa. Mas finalmente cederam. O Sr. McCoullough levou ela e Bonnie em seu carro para a casa dos Gilbert, onde, sentindo-se igual um ladrão, abriu a porta com a chave e deslizou para o interior para não acordar ninguém.
Inclusive aqui, Elena não podia dormir, e permaneceu acordada ao lado de Bonnie, que respirava pausadamente, olhando em direção da janela do quarto. No exterior, as ramas do galho chicoteavam contra o vidro, mas nada mais se moveu até o amanhecer.
Foi então que olhou o carro. Havia reconhecido o sibilante som do motor de Matt em qualquer parte. Alarmada, foi na ponta dos pés até a janela e olhou fora a quietude Alba de outro dia nublado. Logo correu escada abaixo e abriu a porta principal.
-Stefan!
Em toda a sua vida, nunca tinha se alegrado tanto em ver alguém. Se abraçou a ele antes de que pudesse fechar a porta do carro. Ele balançou para trás pela força do impacto, e ela pôde perceber sua surpresa. No geral, ela não era tão intensa em público.
-Hey! – disse ele, devolvendo o abraço com suavidade – Eu também me alegro, mas não esmague as flores.
-Flores?
Se afastou para olhar o que ele segurava; então, olhou-o no rosto. Logo depois a Matt, que emergia do outro lado do carro. O rosto de Stefan estava pálido e emaciado; o de Matt esgotado pelo cansaço e com os olhos avermelhados.
-Será melhor que entre – disse por fim, desconcertada. – Os dois estão com um aspecto horrível.
-É verbena – explicou Stefan mais tarde.
Elena e ele estavam sentados na mesa da cozinha. Através do vão aberto da porta, podia ver Matt estendido no sofá da sala de estar, roncando com suavidade. Se deixou cair ali depois de três tigelas de cereal. Tia Judith, Bonnie e Margareth seguiam no andar de cima, dormindo, mas Stefan manteve a voz baixa mesmo assim.
-Lembra do que eu disse sobre ela? – perguntou.
-Disse que ajuda a manter a mente clara inclusive quando alguém está usando o Poder para influenciar.
Elena se sentiu orgulhosa da firmeza que soou sua voz.
-Correto. E essa é uma das coisas que Damon podia tentar. Pode usar o poder da sua mente inclusive à distancia, e pode fazer tanto se estiver acordada como se estiver dormindo.
As lágrimas inundaram os olhos da garota, e ela os baixou para ocultá-las, contemplando os largos e finos talos os restos secos das diminutas flores lilás nas pontas.
-Dormindo? – perguntou, temendo que nesse momento sua voz não estivesse tão firme.
-Sim; poderia influenciar para que saia da casa, digamos, ou para que o deixe entrar. Mas a verbena deve impedi-lo.
Stefan parecia cansado mas satisfeito consigo mesmo.
“Ah, Stefan, se você soubesse”, pensou Elena. O presente havia chegado com uma noite de atraso. Apesar de todos os esforços, uma lagrima caiu, gotejando sobre as folhas verdes.
-Elena! – sua voz soou sobresaltada – O que aconteceu? Me conta.
Tentava olhar seu rosto, mas ela inclinou a cabeça, pressionando-a contra seu ombro. Ele a rodeou com seus braços, sem tentar obriga-la a levantar outra vez.
-Conte-me – repetiu em voz baixa.
Era o momento. Se ia contar alguma vez, devia ser agora. Sentia a garganta ardente e inflamada, e desejava deixar as palavras que levava dentro sair.
Mas não podia. “Não importa o que aconteça, não permitirei que briguem por mim”, pensou.
-É só que... estava preocupada contigo – conseguiu dizer. – Não sabia onde tinha ido ou quando ia voltar.
-Devia ter ti contado. Mas, isso é tudo? Não há nada mais que a esteja transtornando?
-Isso é tudo.
Agora tinha que conseguir que Bonnie jurasse manter segredo sobre o corvo. Por que uma mentira sempre levava a outra?
-Que devemos fazer com a verbena? – perguntou sentando-se para trás.
-Mostrarei esta noite. Uma vez que tenha extraído o azeite das sementes, pode esfregar na pele ou adicionar na água da banheira. E pode colocar as folhas secas na bolsa e leva-la com você ou coloca-la embaixo da almofada pela noite.
-Será melhor que dê a Bonnie e Meredith. Precisarão de proteção.
Ele assentiu.
-Por agora... – rompeu um galho e depositou na mão de Elena – Limite-se a levar isto ao colégio com você. Vou voltar a pousada para extrair o azeite – Calou um instante e logo disse: - Elena...
-Sim?
-Se creese que iria servir de algo, eu iria. Não exporia você a Damon. Mas não creio que ele iria me seguir se eu fosse, não mais. Creio que poderia ficar... devido a você.
-Nem pense em ir embora – disse ela com ferocidade, alcançando os olhos dele. – Stefan, isso é a única coisa que eu não poderia suportar. Promete que não fará, prometa-me.
-Não ti deixarei sozinha com ele – replicou Stefan, que não era exatamente o mesmo.
Mas não servia de nada insistir mais.
Em vez disso, ele ajudou a acordar Matt e os acompanhou até a porta. Então, com um talo de verbena seca na mão, subiu as escadas e se preparou para ir para o colégio.
Bonnie bocejou sem parar durante o café e realmente não acabou de despertar até que estivessem na rua, andando para o colégio com uma brisa fresca as golpeando no rosto. Ia ser um dia frio.
-Tive um sonho muito estranho esta noite – disse Bonnie.
O coração de Elena deu um pulo. Já havia colocado um galhinho dentro da mochila da amiga, bem no fundo, onde Bonnie não podia vê-lo. Mas se Damon havia chegadoa te Bonnie na noite anterior...
-Sobre o que? – inquiriu, se apoiando.
-Sobre você. A vi de pé embaixo de uma arvore e o vento soprava. Por algum motivo, tinha medo e não queria se aproximar mais de mim. Parecia... diferente. Muito pálida, mas quase resplandecia. E então um corvo desceu voando da arvore, e você alongou o braço e o agarrou no ar. Foi tão rápida que parecia incrível. E continuava a olhar para mim, com essa expressão rara. Sorria, mas o sorriso me fez ter vontade de fugir. E logo retorceu o pescoço do corvo e este morreu.
Elena que havia escutado aquilo com crescente horror, respondeu:
-É um sonho repugnante.
-É, não é? – disse Bonnie com serenidade. – Me pergunto o que significa. Os Corvos são pássaros de mau agouro nas lendas. Podem predizer a morte.
-Provavelmente sabia o quão transtornada que estava depois de encontrar aquele corvo no quarto.
-Sim – disse Bonnie – Exceto por uma coisa. Tive o sonho antes de que nos despertassem com os gritos.
Esse dia, na hora do almoço, havia outro pedaço de papel violeta no mural de comunicados. Este, não obstante, limitava-se a dizer: OLHE NOS ANUNCIOS PESSOAIS.
-Que anúncios pessoais? – perguntou Bonnie.
Meredith que se aproximava naquele momento com um exemplar Wildcat Weekly, o jornal da escola, proporcionou a resposta.
-Viram isso? – inquiriu.
Estava na sessão pessoal, completamente anônimo, sem titulo nem assinatura. “Não suporto a idéia de ti perder. Mas ele está sempre tão infeliz com alguma coisa, e se ele não disser o que é, se ele não confiar em mim o suficiente, eu não vejo esperança para nós.”
Ao ler, Elena sentiu um estalo de energia nova por cima de todo cansaço. Deus, como odiava quem estava fazendo aquilo. Ela se imaginou batendo neles, apunhalando-os, contemplando como cairiam. E logo, vividamente, imaginou algo mais. Agarrar por trás dos cabelos do ladrão e afundar os dentes na garganta indefesa. Foi uma visão estranha e inquietante, mas por um momento pareceu quase real.
Ela notou que Meredith e Bonnie olhavam para ela.
-Bem? – disse, sentindo-se ligeiramente incomoda.
-Me dei conta de que não escutava – suspirou Bonnie. – Acabo de dizer que continua sem parecer obra de Da... obra do assassino. Não creio que um assassino possa ser tão mesquinho.
-Por mais que eu odeie concordar com ela; ela está certa – disse Meredith. – Isso cheira a alguém sorrateiro. Alguém que guarda rancor de modo pessoal e realmente quer fazer você sofrer.
Havia acumulado saliva na boca de Elena, e ela a tragou.
-Também alguém que esteja familiarizado com o colégio. Tiveram que preencher um formulário para pôr uma mensagem pessoal em uma das aulas de jornalismo – disse.
-E alguém que sabia que tinha um diário, supondo que o roubaram de propósito. Talvez estava em uma das tuas aulas aquele dia que trouxeste para o colégio. Lembra? Quando o Sr. Tanner quase o pegou – acrescentou Bonnie.
-A Srta. Halpern conseguiu pagá-lo; inclusive leu uma parte em voz alta, algo sobre Stefan. Isso foi justo depois que Stefan e eu começamos a sair. Espera um minuto. Essa noite em sua casa, quando roubaram o diário, quanto tempo estiveste fora da sala?
-Só uns poucos minutos. Yangtze havia deixado de latir, e foi até a porta para deixa-lo entrar, e... – Bonnie apertou os lábios e se deu de ombros.
-Assim que o ladrão tinha estado familiarizado com a casa – disse Meredith rapidamente -; ou ele ou ela, não haviam entrado, pegou o diário e saiu antes que voltássemos. Muito bem, então, estamos procurando alguém sorrateiro e cruel que provavelmente está nas suas aulas, Elena, e que provavelmente está familiarizado com a casa de Bonnie. Alguém que tem algo pessoal contra você e não parará até ti prejudicar... Ah, meu Deus!
As três olharam fixamente.
-Tem que ser – murmurou Bonnie – Tem que ser.
-Somos tão estúpidas! Tínhamos que ter visto logo – disse Meredith.
Para Elena significou a repentina compreensão de que toda a ira que havia sentido antes não era nada comparada com a ira que era capaz de sentir. A chama de uma vela comparada com o sol.
-Caroline – disse, e apertou os dentes com tanta força que a mandíbula doeu.
Caroline. Naquele instante Elena realmente se sentiu capaz de matar a garota de olhos verdes. E tinha saído correndo para tentar faze-lo se Bonnie e Meredith não a tivessem detido.
-Depois da aula – disse Meredith com firmeza -, quando podermos leva-la a algum lugar privado. Espere só isso, Elena.
Mas quando foram para o refeitório, Elena reparou na cabeça de cabelos castanho avermelhado que desaparecia pelo corredor de arte e musica. E recordou algo que Stefan havia dito tempos atrás naquele mesmo ano, sobre que Caroline o levava a aula de fotografia na hora do almoço. Para ter intimidade, dissera Caroline.
-Vocês duas continuem; esqueci algo – disse enquanto Bonnie e Meredith tinham comida em suas bandejas do refeitório.
Logo fingiu está surda enquanto saia rapidamente e retrocedia até a ala de arte.
Todas as salas estavam escuras, mas a porta da sala de fotografia não estava fechada com chave. Algo fez Elena girar a maçaneta com cautela e se moveu silenciosamente ao estar lá dentro, no lugar de entrar de uma vez para iniciar uma briga como havia planejado. Caroline estava ali dentro? Se estava, o que estava fazendo na escuridão sozinha?
No principio, a sala parecia estar vazia. Logo, Elena olhou o murmúrio de vozes que saiam de um pequeno oco situado ao fundo e viu que a porta do quarto escuro estava entreaberta.
Em silêncio, furtivamente, se encaminhou até encontrar o outro lado da entrada, e o murmúrio de sons se transformaram em palavras.
-Mas como podemos estar seguros de que será ela a quem escolheram? – Aquela era Caroline.
-Meu pai está no conselho escolar. A escolheram, está certo – E aquela era a voz de Tyler Smallwood, cujo padre era advogado e estava em todos os conselhos que existiam. – Além do mais, quem mais podia ser? – prosseguiu ele. – O Espírito de Fell’s Church supõe ser inteligente, além de ter um bom tipo.
-E pensa que eu não sou inteligente?
-Eu disse isso? Olha, se quer que seja você que desfile vestida de branco no Dia do Fundador, ótimo. Mas se quer ver como tiram Stefan Salvatore da cidade devido o testemunho do diário de sua própria namorada...
-Mas por que esperar tanto tempo?
A voz de Tyler soou impaciente.
-Porque desse modo arruinará também os festejos. A festa dos Fell. Por que eles tinham que levar o crédito de haver fundado a cidade? Os Smallwood estavam aqui primeiro.
-Ah, quem se importa quem fundou a cidade? Tudo o que eu quero é ver Elena humilhada perante todo o colégio.
-E a Salvatore.
O puro ódio e malicia da voz de Tyler fizeram Elena enlouquecer.
-Terá sorte se não acabar pendurada em uma árvore. Tem certeza que as provas estão aí?
-Quantas vezes tenho que dizer? Primeiro, disse que ela perdeu a fita dois de setembro no cemitério. Logo depois, disse que Stefan a recolheu esse dia e a guardou. A ponte Wickery está justo ao lado do cemitério. Isso significa que Stefan estava perto da ponte no dia dois de setembro, na noite que atacaram o velho. Todo mundo sabe que estava perto quando os ataques a Vicky e a Tanner. O que quer mais?
-Jamais se sustentaria em um júri. Talvez devêssemos conseguir alguma prova que o comprometesse. Como perguntar a Sr. Flowers a que horas chegou em casa naquela noite.
-Ah, quem se importa? A maioria das pessoas já o considera culpado. O diário fala de algum grande segredo que ocultava de todos. O pessoal captará a idéia.
-O guarda em um lugar seguro?
-Não, Tyler, o guardo na mesa do café. Até que ponto acha que sou estúpida?
-O bastante estúpida para enviar a Elena notas que a põe sob aviso – olhou o papel do jornal. – Olha isto, é incrível. E tem que parar agora. E se ela deduzir quem o tem?
-O que fará, chamar a policia?
-Ainda quero que fique quieta. Espere até o Dia do Fundador, então verá como se derrete a princesa de gelo.
-E direi ciao (tchau em italiano) a Stefan. Tyler... ninguém vai machuca-lo realmente, não é?
-Quem se importa? – Tyler imitou o tom que ela havia usado antes – Você deixou isso para mim e meus amigos, Caroline. Limite-se a fazer sua parte, de acordo?
A voz de Caroline desceu até se converter em um sussurro gutural.
-Me convença.
Depois de uma pausa, Tyler lançou uma risada.
Escutou o som de roupas e um suspiro. Elena girou e escapou da sala tão silenciosamente como havia entrado.
Foi para o seguinte corredor e logo se apoiou contra os armários que havia ali, tentando pensar.
Era quase demais para absorver tudo de uma vez. Caroline, que em uma ocasião tinha sido sua amiga, a havia traído e queria vê-la humilhada perante todo o colégio. Tyler que sempre parecia mais um imbecil que uma ameaça autentica, planejava conseguir que tirassem Stefan da cidade... ou o matassem. E o pior era que estavam usando o próprio diário de Elena para fazer tudo isso.
Agora compreendia o inicio do sonho da noite anterior. Havia tido um sonho parecido no dia anterior que descobriu que Stefan havia desaparecido. Em ambos os casos, Stefan a havia olhado com olhos enraivecidos e acusadores, e logo depois havia jogado um livro em seus pés e lhe havia dado as costas.
Não era um livro. Era seu diário. Diário que continha provas que podiam ser fatais para Stefan. Em três ocasiões pessoas tinham sido atacadas em Fell’s Church, e nas três ocasiões Stefan havia estado na cena do crime. O que isso podia parecer para a cidade, a policia?
E não existia um modo de contar a verdade. Supondo que ela dissesse:
“Stefan não é culpado. É seu irmão Damon, que o odeia e sabe o quanto que Stefan odeia a idéia de ferir e matar. E que tem seguido Stefan por todas as partes e atacado gente para que Stefan pensasse que talvez tivesse sido ele que o fizera, para enlouquece-lo. E que está aqui na cidade, em alguma parte, o busquem no cemitério ou no bosque. Mas, ah, não procurem somente um garoto bem afeiçoado, porque poderia ser um corvo no momento”.
“A propósito, ele é um vampiro”.
Nem sequer ela acreditava. Soava absurdo.
Uma pulsada no lado do seu pescoço a recordou que era absurda a historia, na realidade. Se sentia estranha hoje, quase como se estivesse doente. Era mais que simplesmente a tensão e a falta de sono. Se sentia ligeiramente enjoada, e em algumas ocasiões o solo parecia esponjoso, cedendo embaixo dos seus pés e logo voltando a recuperar sua posição. Eram sintomas de gripe, exceto que tinha certeza de que não tinha nenhum vírus em sua corrente sanguínea.
Culpa de Damon, outra vez. Tudo era culpa de Damon, exceto o diário. Não tinha ninguém a quem culpar por isso, a não ser ela mesma. Se ao menos não tivesse escrito sobre Stefan, se ao menos não tivesse levado o diário para o colégio. Se ao menos não o tivesse deixado na sala de Bonnie. Se ao menos, se ao menos...
Naquele momento, tudo que importava era que tinha que recupera-lo.
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