De volta ao Plaza, Thalia me puxou de lado. “O quê Prometeu te mostrou?”.
Relutante, eu contei a ela sobre a visão na casa de May Castellan. Thalia
coçou sua perna como se estivesse lembrando-se dessa velha ferida.
“Foi uma noite ruim”, ela admitiu. “Annabeth era tão pequena, eu não acho
que ela realmente entendeu o que viu. Ela sabia apenas que Luke estava triste”.
Eu olhei o Central Park pela janela. Alguns pequenos incêndios ocorriam no
norte, mas mesmo assim a cidade parecia estranhamente pacífica. “Você sabe o que
aconteceu com a May Castellan? Quero dizer –“.
“Eu sei o que você quer dizer”, Thalia disse. “Eu nunca vi ocorrer nenhum,
um, episódio, mas Luke me contou sobre os olhos brilhantes, as coisas estranhas que
ela falava. Ele me fez prometer nunca contar. O que causou, eu não faço ideia. Se
Luke sabia, ele nunca me disse”.
“Hermes sabia”, eu disse. “Algo fez May ver partes do futuro de Luke, e
Hermes entendeu o que aconteceria – como ele se transformaria em Cronos”.
Thalia franziu a sobrancelha. “Você não pode ter certeza disso. Lembre-se de
que Prometeu estava manipulando o que você via, Percy, mostrando o lado negativo.
Hermes amava Luke. Eu diria apenas de olhar para o rosto dele. E Hermes estava lá
olhando May, cuidando dela. Ele não era inteiramente mau”.
“Ainda não está certo”, eu insisti. “Luke era apenas uma criança. Hermes
nunca o ajudou, nunca o impediu de fugir”.
Thalia pôs seu arco no ombro. Novamente fiquei espantado com o fato de ela
não envelhecer mais. Você poderia quase ver um brilho prateado em volta dela – a
bênção de Ártemis.
“Percy”, ela disse. “Você não pode começar a sentir pena de Luke. Todos nós
temos coisas duras com que lidar. Todos os semideuses têm. Nossos pais raramente
estão por perto. Mas Luke fez escolhas ruins. Ninguém o forçou a fazer aquilo, na
verdade –“.
Ela olhou pela sala para ter certeza de que estávamos sozinhos. “Eu estou
preocupada com Annabeth. Se ela tiver que enfrentar Luke na batalha, eu não sei se
conseguirá. Ela sempre teve uma quedinha por ele”.
Sangue subiu até o meu rosto. “Ela vai ficar bem”.
“Eu não sei. Depois daquela noite, depois que deixamos a casa da mãe dele?
Luke nunca mais foi o mesmo. Ele ficou imprudente e carrancudo, como se tivesse
que provar algo. Quando Grover nos encontrou e tentou nos levar ao
Acampamento... bom, uma parte do motivo de termos nos metido em tantas
encrencas é porque Luke não se cuidava. Annabeth não via aquilo como um
problema. Luke era seu herói. Ela apenas entendeu que seus pais o deixaram triste e
passou a defende-lo. Ela ainda defende. Tudo que estou dizendo... não caia na
mesma armadilha. Luke se entregou a Cronos agora. Nós não podemos pegar leve
com ele”.
Eu olhei os incêndios no Harlem, e me perguntei quantos mortais que
dormiam estariam em perigo por causa das más escolhas de Luke.
“Você está certa”, eu disse.
Thalia bateu de leve no meu ombro. “Eu vou olhar as Caçadoras e descansar
antes do pôr-do-sol. Você deveria tentar também”.
“A última coisa que eu preciso é de mais sonhos”.
“Eu sei, acredite em mim”. Sua expressão sombria me fez imaginar com o
que ela estaria sonhando. Era um problema comum entre os semideuses: quanto
mais perigosa ficava a situação, piores os sonhos ficavam. “Mas Percy, não sabemos
quando teremos outra chance de descansar. Será uma noite longa - talvez nossa
última noite”.
Eu não gostei, mas sabia que ela estava certa. Eu assenti cansado e entreguei
o vaso de Pandora a ela. “Me faça um favor. Tranque isso no cofre do hotel, ta? Eu
acho que sou alérgico a pithos”.(pithos – tipo de vaso de cerâmica da Grécia antiga,
ver no Google imagens).
Thalia sorriu. “Você quem manda”.
Eu encontrei a cama mais próxima e desmaiei. Mas é claro, o sono só trouxe
mais pesadelos.
Eu vi o palácio submarino do meu pai. O exército inimigo estava mais perto
agora, entrincheirado apenas algumas centenas de jardas do lado de fora do palácio.
As fortalezas tinham sido completamente destruídas. O templo que meu pai tinha
suado como quartel general queimava em fogo grego.
Eu olhei para a sala de armas, onde meu irmão e outros Ciclopes estavam na
pausa para o almoço, comendo enormes jarras de cookies com manteiga de
amendoim (e não me pergunte qual o gosto delas embaixo d’água, pois eu não
queria saber). Conforme eu olhava, a parede exterior explodiu. Um guerreiro ciclope
cambaleou para dentro, tendo colapsos na mesa do almoço. Tyson se ajoelhou para
ajudar, mas era muito tarde. O ciclope se dissolveu em areia do mar.
Gigantes inimigos tentaram entrar pela fenda aberta, e Tyson pegou o porrete
do ciclope caído. Ele gritou algo para seus companheiros – provavelmente “Por
Poseidon!” – mas com sua boca cheia de manteiga de amendoim ficou como –
“PUH PTEH BUN!” Seus irmãos pegaram martelos e cinzéis, gritaram
“MANTEIGA DE AMENDOIM!” e atacaram atrás de Tyson na batalha.
Então a cena mudou. Eu estava com Ethan Nakamura no campo inimigo. O
que eu vi me deu arrepios, em parte porque o exército era imenso, em parte porque
eu conhecia o lugar.
Estávamos no sertão de Nova Jersey, numa estrada desintegrada, cheia de
empresas velhas e outdoors esfarrapados. Uma cerca pisoteada cercava um grande
jardim repleto de estátuas de cimento. O outdoor no armazém estava difícil de ler,
pois estava em vermelho cursivo, mas eu sabia o que estava escrito: EMPÓRIO DE
ANÕES DE JARDIM DA TIA EME.
Eu não pensava naquele lugar havia anos. Estava claramente abandonado. As
estátuas estavam quebradas e pichadas de preto. Um sátiro de cimento – O Tio
Ferdinand de Grover – tinha perdido o braço. Parte do telhado tinha cavidades. Um
grande aviso em amarelo na porta dizia: CONDENADO.
Centenas de barracas e fogueiras forravam a propriedade. Na maioria
monstros, mas havia mercenários humanos e alguns semideuses também. Uma
bandeira preta e roxa estava hasteada fora do empório, guardada por dois
hiperbóreos.
Ethan estava agachado perto da primeira fogueira. Outros semideuses
sentavam com ele, amolando suas espadas. A porta do armazém se abriu, e
Prometeu saiu.
“Nakamura”, ele chamou. “O mestre gostaria de falar contigo”.
Ethan levantou cautelosamente. “Aldo de errado?”.
Prometeu sorriu. “Você terá que perguntar a ele”.
Um dos outros semideuses abafou um riso. “Foi bom ter conhecido você”.
Ethan arrumou sua bainha e entrou no armazém.
Com exceção do buraco no telhado, o lugar estava exatamente como eu
lembrava. Estátuas de pessoas aterrorizadas estavam congeladas no centro. Na
lanchonete, as mesas de piquenique haviam sido arrastadas de lado. Entre o
distribuidor de sodas e de rosquinhas quentes estava um trono dourado. Cronos
estava lá, com sua foice no colo. Ele usava jeans e uma camiseta, e com sua
expressão ele parecia quase humano – como a versão mais jovem de Luke que eu vi
na visão, pedindo a Hermes para contar seu destino. Então Luke viu Ethan, e seu
rosto formou um sorriso bem inumano. Seus olhos dourados brilharam.
“Bem, Nakamura. O que você achou da missão diplomática?”.
Ethan hesitou. “Eu estou certo de que o lorde Prometeu é mais apto a falar –“.
“Mas eu perguntei pra você”.
O olho bom de Ethan disparou para frente e para trás, notando os guardas que
rodeavam Cronos. “Eu... eu não acho que Jackson se renderá. Jamais”.
Cronos assentiu. “Algo mais que você queira me dizer?”.
“N-não, senhor”.
“Você parece nervoso, Ethan”.
“Não, senhor. É só que... eu ouvi falar que este era o albergue da-”.
“Medusa? Sim, pura verdade. Lugar adorável, não é? Infelizmente, Medusa
não se reformou desde que Jackson a matou, então não se preocupe em se juntar à
coleção dela. Além disso, há forças muito mais perigosas nesta sala”.
Cronos olhou um Lestrigão gigante que mastigava ruidosamente algumas
batatas fritas. Cronos acenou com a mão e o gigante congelou. Uma batata frita
permanecia suspensa a meio caminho de sua boca.
“Por que transformá-los em pedra”, Cronos disse, “quando se pode parar o
próprio tempo?”.
Seus olhos dourados fitaram o rosto de Ethan. “Agora, me conte outra coisa.
O que aconteceu ontem à noite na ponte Williamsburg?”.
Ethan tremeu. Gotas de suor brotavam em sua testa. “Eu... eu não sei,
senhor”.
“Sim, você sabe”. Cronos levantou de seu trono. “Quando você atacou
Jackson, algo aconteceu. Algo não estava certo. A garota, Annabeth, pulou em sua
frente”.
“Ela queria salva-lo”.
“Mas ele é invulnerável”, Cronos disse baixinho. “Você mesmo viu”.
“Eu não posso explicar. Talvez ela esqueceu”.
“Ela esqueceu”, Cronos disse. “É, deve ser isto. Oh, querido. Eu esqueci que
meu amigo é invulnerável e levei uma facada por ele. Oops. Diga-me, Ethan, o que
você estava mirando quando o atacou?”.
Ethan franziu a sobrancelha. Ele fechou o punho como se estivesse segurando
uma lâmina, e fingiu uma estocada. “Eu não tenho certeza, senhor. Tudo ocorreu
muito rápido. Eu não estava mirando um lugar específico”.
Cronos tamborilou sua foice com os dedos. “Eu vejo”, ele disse friamente.
“Se sua memória melhorar, eu vou querer –“.
De repente o senhor dos Titãs estremeceu. O gigante na ponta da sala
descongelou e a batata frita caiu em sua boca. Cronos recuou e sentou de novo em
seu trono.
“Meu lorde?” Ethan arriscou.
“Eu-“ A voz era fraca, mas apenas por um momento era a de Luke. Então sua
expressão endureceu. Ele esticou as mãos e flexionou os dedos vagarosamente,
como se estivesse forçando-os a obedecê-lo.
“Não é nada”, disse ele, sua voz inflexível e fria novamente. “Um pequeno
desconforto”.
Ethan umedeceu os lábios. “Ele ainda o confronta, não? Luke –“.
“Tolice”, Cronos cuspiu. “Repita essa mentira, e eu corto sua língua fora. A
alma do garoto foi quebrada. Estou apenas me acostumando aos imites desta forma.
É necessário descansar. É chato, mas nada além de um inconveniente temporário“.
“Como... como você disse, meu senhor”.
“Você!”, Cronos apontou sua foice a uma dracaena com armadura e uma
coroa verdes. “Rainha Sess, não?”.
“Ssssssim, meu lorde”.
“A nossa surpresinha está pronta para ser liberada?”.
A dracaena descobriu as presas. “Oh, ssssssim, meu lorde. É uma linda
sssssurpresssa”.
“Excelente”, Cronos disse. “Diga ao meu irmão Hyperion para mover nossas
forças ao sul até o Central Park. Os meio-sangues ficarão tão confusos que não
saberão como se defender. Vá agora, Ethan. Trabalhe sua memória. Conversaremos
de novo quando tivermos tomado Manhattam”.
Ethan se curvou, e meus sonhos mudaram uma última vez. Eu vi a Casa
Grande do acampamento, mas era numa época diferente. A casa era vermelha, e não
azul. Os campistas na quadra de vôlei tinham cabelos do início dos anos 90, o que
deveria servir para manter os monstros longe.
Quíron estava no portão, conversando com Hermes e uma mulher com um
bebê no colo. O cabelo de Quíron era mais curto e mais escuro. Hermes usava sua
roupa de corrida habitual e seu tênis alado. A mulher era alta e bonita. Ela era loira,
olhos brilhantes e um sorriso amigável. O bebê em seus braços contorcia-se como se
a última coisa que quisesse era estar no Acampamento Meio-Sangue.
“É uma honra tê-la aqui”, Quíron disse para a mulher, mas ele parecia
nervoso. “Faz muito tempo que não permitem a entrada de uma mortal no
Acampamento”.
“Não a encoraje”, Hermes resmungou. “May, você não pode fazer isto”. Ela
não se parecia nem um pouco com a velha que eu conheci. Ela parecia cheia de vida
– o tipo de pessoa que poderia sorrir e fazer todos a sua volta se sentirem bem.
“Oh, não se preocupe tanto”, May disse, balançando o bebê. “Você precisa de
um Oráculo, não precisa? O último está morto a, o que, vinte anos?”.
“Mais”, Quíron disse gravemente.
Hermes esticou os braços, exasperado. “Eu não te contei a estória pra você
imitar. É perigoso. Quíron, diga a ela”.
“É”, Quíron avisou. “Por muitos anos eu proibi qualquer um de tentar. Nós
não sabemos exatamente o que aconteceu. Os humanos vêm perdendo a capacidade
de hospedar o Oráculo”.
“Nós já passamos por isso”, May disse. “E eu sei que posso fazer isso.
Hermes, esta é a minha chance de fazer algo bom. Eu recebi o dom da visão por
algum motivo”.
Eu queria gritar para May Castellan parar. Eu sabia o que estava para
acontecer. Eu finalmente percebi porque sua vida tinha sido destruída. Mas eu não
podia falar ou me mexer.
Hermes parecia mais machucado do que preocupado. “Você não poderia se
casar se você se tornasse o Oráculo”, ele reclamou. “Você não poderia me ver mais”.
May pôs sua mão no braço dele. “Eu não posso tê-lo para sempre, posso?
Você vai seguir em breve. Você é imortal”.
Ele começou a protestar, mas ela pôs sua mão em seu peito. “Você sabe que é
verdade! Não tente poupar meus sentimentos. Além do mais, nós temos uma criança
linda. Eu ainda posso cuidar do Luke se eu for o Oráculo, certo?”.
Quíron tossiu. “Sim, mas de qualquer maneira, eu não sei como isso afetará o
espírito do Oráculo. Uma mulher que já pariu um filho – até onde eu sei, isso nunca
foi feito antes. Se o espírito não aceitar –“.
“Ele irá”, May insistiu.
Não, eu queria gritar. Não vai.
May Castellan beijou o bebê e o entregou a Hermes. “Já volto”.
Ela deu um último sorriso confiante a eles e subiu as escadas.
Quíron e Hermes permaneceram em silêncio. O bebê gritava.
Um brilho verde saiu pelas janelas da casa. Os campistas param de jogar
vôlei e olharam para o sótão. Um vento frio soprou pelos campos de morango.
Hermes deve ter sentido também. Ele chorou. “Não! NÃO!”.
Ele entregou o bebê a Quíron e saiu correndo até o portão. Antes que ele
alcançasse a porta, a tarde ensolarada foi cortada por um terrível grito de May
Castellan.
Eu acordei tão depressa que bati com a cabeça no escudo de alguém.
“Ow!”.
“Desculpa, Percy”, Annabeth estava parada em frente a mim. “Eu estava para
te acordar”.
Eu esfreguei minha cabeça, tentando limpar as visões perturbadoras. De
repente muitas coisas fizeram sentido para mim: May Castellan havia tentado se
tornar o Oráculo. Ela não sabia da maldição de Hades que prevenia o espírito de
Delfos de se hospedar em outra pessoa. Nem Quíron nem Hermes. Eles não
perceberam que, ao tentar conseguir o fardo, May ficaria maluca, atormentada com
colapsos onde seus olhos brilhariam em verde e ela vislumbraria pedaços do futuro
de seu filho.
“Percy?”, Annabeth perguntou. “O que há de errado?”.
“Nada”, eu menti. “O que... o que você está fazendo nesta armadura? Você
deveria estar descansando”.
“Ah, eu estou bem”, ela disse, mas ainda parecia pálida. Ela mal mexia seu
braço direito. “O néctar e a Ambrósia deram um jeito em mim”.
“Uh-huh. Sério, você não pode ir lá fora e lutar”.
Ela me ofereceu sua mão boa e me ajudou a levantar. Minha cabeça latejava.
Lá fora, o céu estava roxo e vermelho.
“Você vai precisar de cada pessoa que tiver”, ela disse. “Eu acabei de olhar
no meu escudo. Há um exército –“.
“Marchando em direção ao Central Park”, eu disse. “Sim, eu sei”.
Eu contei parte dos meus sonhos. Eu deixei de fora a visão de May Castellan,
pois era perturbadora demais pra falar. Eu também deixei passar a especulação de
Ethan sobre Luke lutar contra Cronos dentro de seu corpo. Eu não queria alimentar
as esperanças de Annabeth.
“Você acha que Ethan suspeita de seu ponto fraco?”, ela perguntou.
“Eu não sei”, admiti. “Ele não disse nada a Cronos, mas se ele descobrir –“.
“Nós não podemos deixar”.
“Vou bater mais forte na cabeça dele da próxima vez”, eu sugeri. “Alguma
ideia sobre o que seria a surpresa de Cronos?”.
Ela balançou a cabeça. “Eu não vi nada no escudo, mas não gosto de
surpresas”.
“Concordo”.
“Então”, ela disse, “você vai discutir sobre eu me juntar a vocês?”.
“Nah. Você acabou de me convencer”.
Ela deu risada, o que foi bom de ouvir. Eu peguei minha espada e fomos nos
juntar às tropas.
Thalia e os conselheiros nos esperavam no reservatório. As luzes da cidade
brilhavam no crepúsculo. Eu acho que muitas delas estavam no timer automático.
Candeeiros ardiam nas margens dos lagos, fazendo a água e as árvores parecerem
ainda mais fantasmagóricos.
“Eles estão vindo”, Thalia confirmou apontando uma flecha para o norte.
“Um dos meus batedores acabou de me informar que eles já cruzaram o Rio Harlem.
Não houve modo de pará-los. O exército”, ela se encolheu. “É imenso”.
“Nós vamos segurá-los no Parque”, eu disse. “Grover, está pronto?”.
Ele assentiu. “Tão preparado como jamais estaremos. Se meus espíritos
podem pará-los em algum lugar, é lá”.
“Sim, nós vamos!”, disse uma outra voz. Um sátiro muito velho e gordo
espremeu-se entre a multidão, tropeçando em sua própria lança. Ele vestia uma
armadura de casca de árvore que só cobria metade de sua barriga.
“Leneus?”, eu disse.
“Não fique tão surpreso”, ele xingou. “Eu sou o líder do concílio e você me
pediu para achar Grover. Bom, eu o encontrei e não vou deixar um mero exilado
liderar os sátiros sem a minha ajuda!”.
Grover tirou sarro de Leneus pelas costas, mas ele riu como se fosse o
salvador do dia. “Jamais temeis! Nós vamos mostrar aos titãs!”.
Eu não sabia se ria ou se ficava com raiva, mas consegui me manter firme.
“Um... é. Bem, Grover, você não estará sozinho. Annabeth e a cabine de Atena
postarão guarda aqui. E eu e... Thalia?”
Ela me deu um tapinha no ombro. "Não diga mais nada. As Caçadoras estão
prontas".
Eu olhei para os outros conselheiros. “Isto vos deixa com um trabalho tão
importante quanto. Vocês devem guardar as outras entradas para Manhattam. Vocês
sabem o quão complicado o Cronos é. Ele tentará nos distrair com o exército grande
e se infiltrar por outro lugar. Vocês devem garantir que isso não ocorra. Cada cabine
já escolheu sua ponte ou túnel?”.
Os conselheiros assentiram friamente.
“Então vamos”, eu disse. “Boa caçada a todos!”.
Nós ouvimos o exército antes de enxergá-lo.
O barulho era como uma barragem de canhões combinados com um estádio
de futebol lotado – como se todos os patriotas da Nova Inglaterra estivessem nos
atacando com bazucas.
Ao norte do reservatório, a vanguarda inimiga avançou pelas árvores – um
guerreiro numa armadura dourada liderando um batalhão de Lestrigões gigantes com
enormes machados de bronze. Centenas de outros monstros vinham logo atrás deles.
“Posições!”, Annabeth gritou.
Seus colegas de chalé subiram. A ideia era quebrar o exército inimigo em
volta do reservatório. Para chegar até nós, eles teriam que vir pela trilha, o que
significava que eles teriam de marchar em fila indiana por cada lado da água.
A primeira vista, o plano parecia funcionar. O inimigo se dividiu e avançou
pela margem. Quando eles estavam na metade do caminho, nossas defesas agiram.
A pista de caminhada explodiu em fogo Grego, incinerando muitos monstros
instantaneamente. Outros dispararam ao redor, envoltos em chamas verdes. Os
campistas de Atenas jogaram ganhos nos Gigantes e os puxaram até caírem no chão.
Das árvores da direita, as Caçadoras dispararam uma saraivada de flechas
prateadas na linha inimiga, destruindo vinte ou trinta dracaenae, mas mais
marcharam atrás delas. Um raio estalou pra fora dos céus e incinerou um Lestrigão
até virar cinzas, e eu pensei que a Thalia devia estar fazendo uso daquela coisa de
ser filha de Zeus.
Grover pegou sua flauta e tocou uma rápida melodia. Um rugido veio do
bosque, como se toda arvore, pedra ou arbusto estivessem brotando espíritos.
Dríades e sátiros se juntaram e atacaram. As árvores envolveram os monstros,
esmagando-os. Grama se elevou em volta dos arqueiros inimigos. Pedras voaram e
acertaram os rostos das dracaenae.
O inimigo forçou o passo adiante. Gigantes esmagaram árvores e as náiades
desapareciam enquanto suas fontes de vida eram destruídas. Cães infernais
investiram contra lobos de madeira, derrubando-os. Os arqueiros inimigos retaliaram
e uma Caçadora caiu de um galho no alto.
“Percy!”, Annabeth pegou meu braço e apontou para o reservatório. O Titã de
dourado não estava esperando suas forças chegarem. Ele estava atacando
diretamente contra nós, caminhando sobre a superfície da água.
Uma bomba de fogo Grego explodiu bem em cima dele, mas ele estendeu a
mão e tirou as chamas do ar.
“Hyperion”, Annabeth disse com temor. “O senhor da luz. Titã do Oriente”.
“Ruim?”, eu adivinhei.
“Perto de Atlas, ele é o maior dos guerreiros Titãs. No passado, quatro Titãs
controlaram os quatro cantos do mundo. Hyperion ficou com o leste – o mais
poderoso. Ele era o pai de Hélio, o primeiro deus do Sol”.
“Vou mantê-lo ocupado”, prometi.
“Percy, mesmo que você não conseguir –“.
“Apenas mantenha nossas forças unidas”.
Nós nos fixamos no reservatório por um bom motivo. Eu me concentrei na
água e senti seu poder fluindo em mim.
Eu avancei contra Hyperion, correndo através da água. É, meu camarada.
Dois podem jogar o jogo.
A 6 metros de distância, Hyperion ergueu sua espada. Seus olhos eram como
quando eu os vi no meu sonho – tão dourado quanto os de Cronos, mas mais
brilhantes como mini sóis.
“O deus do mar é um fedelho”, ele falou. “Foi você quem entregou o céu ao
Atlas de novo?”.
“Não foi difícil”, eu disse. “Vocês Titãs são tão brilhantes quanto minhas
meias de ginástica”.
Hyperion rosnou. “Você quer brilho?”.
Seu corpo se transformou numa coluna de luz e calor. Eu desviei o olhar, mas
continuei cego.
Instantaneamente eu ergui Contracorrente – bem a tempo. A espada de
Hyperion colidiu contra a minha. A onda de choque emanou uma onda de 3 metros
sobre a superfície do lago.
Meus olhos ainda queimavam. Eu tive que acabar com a luz dele.
Concentrei-me na onda e a forcei a voltar. Logo antes do impacto, eu saltei
pra cima num jato d’água.
“AHHHHHH!” As ondas encontraram Hyperion e ele submergiu, sua luz se
extinguindo.
Eu caí na água enquanto Hyperion lutava para se manter de pé. Escorria água
de sua armadura dourada. Seus olhos não chamejavam mais, mas ainda pareciam
assassinos.
“Você há de queimar, Jackson!” Ele rugiu.
Nossas espadas se encontraram novamente e o ar se encheu de ozônio.
A batalha ainda corria a nossa volta. No flanco direito, Annabeth liderava um
ataque com seus irmãos. No esquerdo, Grover e seus espíritos da natureza se
reagrupavam, infernizando os inimigos com arbustos e ervas daninhas.
“Chega de jogos”, Hyperion me disse. “Lutamos na terra”.
Eu estava para dizer um comentário inteligente, como “Não”, quando o Titã
gritou. Uma parede de força se chocou contra mim no ar – o mesmo truque que
Cronos havia usado na ponte. Eu fui arremessado cerca de trezentas jardas para trás
e capotei no chão. Se não fosse pela minha invulnerabilidade, eu teria quebrado cada
osso do meu corpo.
Eu fiquei de pé e lamentei. “Eu realmente odeio quando os Titãs fazem isso”.
Hyperion se aproximou de mim numa velocidade cegante.
Eu me concentrei na água, adquirindo forças.
Hyperion atacou. Ele era rápido e poderoso, mas não parecia que ele acertaria
o golpe. O chão em volta do pé dele continuava a pegar fogo, mas eu continuava a
apagá-lo logo em seguida.
“Pare!”, o Titã rugiu. “Pare com esse vento!”.
Eu não entendi bem o que ele quis dizer. Eu estava ocupado demais lutando.
Hyperion tropeçou como se estivesse sendo puxado de volta. Água jorrou em
seu rosto, ferroando-lhe os olhos. O vento aumentou, e Hyperion cambaleou para
trás.
“Percy?”, Grover me disse espantado. “Como você está fazendo isso?”.
Fazendo o que? Eu pensei.
Então eu olhei para baixo e percebi que estava no centro do meu próprio
furacão. Nuvens de vapor d’água girava ao meu redor, ventos tão fortes que feriam
Hyperion e amassava a grama num raio de vinte jardas. Guerreiros inimigos
arremessaram javalis contra mim, mas eles voaram de lado.
“Encantador”, eu sussurrei. “Mas um pouco mais!”.
Relâmpagos cintilaram ao meu redor. As nuvens enegreceram e a chuva girou
mais depressa. Eu me aproximei de Hyperion e o levantei do chão.
“Percy!”, Grover falou de novo. “Traga ele aqui”.
Eu bati e golpeei, deixando meus reflexos me controlarem. Hyperion mal
podia se defender. Seus olhos continuavam tentando se acender, mas o Furacão
apagava as chamas.
Entretanto, eu não poderia segurar uma tempestade dessas pra sempre. Eu
podia sentir meu poder se esvaindo. Com um último esforço, eu propulsei Hyperion
sobre o campo até onde Grover estava.
“Não deixarei que brinquem comigo!”, Hyperion gritou.
Ele começou a se levantar, mas Grover pegou sua flauta e começou a tocar.
Leneus o acompanhou. Pelo bosque, cada sátiro entrou na melodia – uma melodia
estranha, como um rio correndo sobre pedras. O chão se rasgou sob os pés de
Hyperion. Raízes nodosas envolveram suas pernas.
“O que é isso?” Ele protestou. Ele tentou se livrar das raízes, mas ainda
estava fraco. As raízes engrossaram até que ele parecia estar usando botas de
madeira.
“Parem com isso!”, ele gritou. “Sua mágica florestal não é párea para um
Titã!”.
Mas quanto mais ele se contorcia, mais as raízes cresciam. Elas se enrolaram
em seu corpo, transformando ele numa casca. Sua armadura dourada se misturou
com a madeira, fazendo parte de um grande tronco.
A música continuou. O exército de Hyperion recuou com espanto enquanto
seu líder era absorvido. Ele esticou os braços que se tornaram galhos, de onde
saíram galhos menores e folhas. A árvore cresceu mais e mais até que apenas o rosto
do Titã era visível no meio do tronco.
“Vocês não podem me aprisionar!”, ele berrou. “Eu sou Hyperion! Eu sou –“.
A casca cobriu seu rosto.
Grover tirou a flauta da boca. “É um belo carvalho”.
Muitos outros sátiros desmaiaram de exaustão, mas eles cumpriram bem seus
trabalhos. O lorde Titã estava completamente coberto por um carvalho. O tronco
tinha pelo menos seis metros de diâmetro, com galhos tão grandes quanto qualquer
um no parque. A árvore parecia estar ali há séculos.
O exército do Titã começou a bater em retirada. Aplausos vieram da cabine
de Atenas, mas nossa vitória foi cantada precipitadamente.
Porque só aí Cronos mostrou sua surpresa.
"REEEEET!".
O guincho penetrou Manhattam. Semideuses e monstros congelaram.
Grover olhou para mim em pânico. “Por quê este som se parece com... não
pode ser!”.
Eu sabia o que ele estava pensando. Dois anos atrás nós recebemos um
“presente” de Pan – um javali gigante que nos carregou pelo sudoeste (depois de
tentar nos matar). O javali tinha um guincho parecido, mas o que nós tínhamos
ouvido agora parecia maior e mais estridente, quase como se... como se o javali
tivesse uma namorada aborrecida.
"REEEEEET!" Uma criatura gigantesca e rosa planou sobre o reservatório –
um dirigível do dia de ação de graças com asas.
“Um porco!”, Annabeth exclamou. “Protejam-se!”.
Os semideuses fugiram enquanto a porca atacava. Suas asas eram rosas como
as de um flamingo, combinando perfeitamente com seu tom de pele, mas era
impossível pensar nela como uma graça enquanto seus cascos batiam no chão,
raspando num dos irmãos de Annabeth. O porco pisou e destruiu cerca de meio acre
de árvores, arrotando uma nuvem de gases nocivos. Ele decolou de novo, voando em
círculos para um novo ataque.
“Não me diga que aquela coisa é da mitologia Grega!”, eu disse.
“Receio que sim”, Annabeth disse. “O Porco Clasmoniano. Ele aterrorizou
cidades na Grécia Antiga”.
“Deixa-me adivinhar”, eu disse. “Hércules o derrotou”.
“Não”, disse ela. “Até onde eu sei, nenhum herói conseguiu derrotá-lo”.
“Perfeito”, eu murmurei.
O exército Titã estava se recuperando do choque. Acho que eles perceberam
que o porco não estava atrás deles.
Nós tínhamos apenas segundos antes que eles estivessem prontos para lutar, e
nossas forças ainda estavam em pânico. Toda vez que o porco arrotava, os espíritos
da natureza de Grover ganiam e voltavam pras florestas.
“Aquele porco tem que ir embora”. Eu peguei um gancho de um dos irmãos
de Annabeth. “Eu dou conta dele. Vocês cuidam do exército. Empurrem-nos de
volta!”.
“Mas Percy”, Grover disse. “E se nós não pudermos?”.
Eu vi o quão cansado ele estava. A mágica tinha realmente drenado suas
forças. Annabeth não parecia muito melhor depois de ter lutado com o ombro
machucado. Eu não sei como as Caçadoras estavam se saindo, mas o flanco direito
do inimigo estava agora entre elas e nós.
Eu não queria deixar meus amigos na pior, mas aquele porco era o mais
difícil. Ele destruiria tudo: edifícios, árvores, mortais adormecidos. Ele tinha que ser
parado.
“Recue se precisar”, eu disse. “Apenas atrasem-nos. Eu voltarei assim que
puder”.
Antes que pudesse mudar de ideia, eu estava girando o gancho como um laço.
Quando o porco veio para a próxima investida, eu arremessei com toda a minha
força. O gancho enroscou-se na base da asa do porco. Ele gritou de raiva e se
afastou, levando a corda comigo junto para o céu.
Se você tiver que andar pelo Central Park, sugiro que pegue o metrô. Porcos
voadores são mais rápidos, mas muito mais perigosos.
O porco sobrevoou o Plaza Hotel, direto até o cânion da quinta avenida. Meu
plano brilhante era subir na corda até o porco e montar suas costas. Infelizmente eu
estava muito ocupado balançando e me desviando dos postes e das laterais dos
prédios.
Outra coisa que eu aprendi: uma coisa é subir uma corda na academia. Outra
é você tentar subir uma corda balançando presa à asa de um porco enquanto você
voa a 160 quilômetros por hora.
Nós voamos em zigue-zague em direção sul até a Avenida Park.
Chefe! Hei chefe! Entrando no meu campo de visão eu vi Blackjack se
aproximando e tomando cuidado para não acertar as asas do porco.
“Cuidado!”, eu avisei.
Monta aí! Blackjack relinchou. Eu pego você...eu acho.
Não era muito tranqüilizador. O Grand Central jazia logo a frente. Na
entrada, a gigantesca estátua de Hermes, que eu acredito não ter sido ativada por
causa da altura. Eu estava voando em direção a ela numa velocidade desintegradora
de semideuses.
“Fique alerta”, eu falei pro Blackjack. “Eu tive uma ideia”.
Oh, eu odeio as suas ideias.
Eu me joguei para o lado com toda a força. Ao invés de me esmagar contra a
estátua, eu girei em torno dela, enrolando a corda nos braços dela. Eu pensei que
isso prenderia o porco, mas eu subestimei a força cinética de um porco de trinta
toneladas em pleno vôo. Assim que o porco arrancou a estátua do pedestal, eu o
deixei ir. Hermes foi dar uma voltinha, tomando meu lugar como carona do porco, e
eu caí em queda livre até a rua.
Naquele segundo eu me lembrei de quando minha mãe trabalhava numa loja
de doces no Grand Central. Eu pensei em como seria ruim terminar como uma
massa estatelada no chão.
Então uma sombra passo sob mim e então thump – eu estava nas costas do
Blackjack. Não era o tipo de transporte mais confortável. Na verdade, quando eu
gritei “OW!”, minha voz saiu uma oitava acima do normal.
Desculpe, chefe, Blackjack grunhiu.
“Sem problemas”, eu gani. “Siga aquele porco!”.
O leitão virou a direita na 42ª Leste e estava voando de volta para a Quinta
Avenida. Quando ele passou pelos telhados, eu podia ver alguns incêndios aqui e ali
na cidade. Meus amigos estavam tendo sérios problemas. Cronos estava atacando
em vários lugares. Mas naquele momento, eu tinha meus próprios problemas.
A estátua de Hermes ainda estava amarrada. Ela continuava batendo nos
prédios e balançando. O porco passou por uma oficina, e Hermes bateu numa caixa
d’água no telhado, esparramando água e madeira pra todo lado.
Então me ocorreu algo.
“Chegue mais perto”, eu falei pro Blackjack.
Ele relinchou em protesto.
“Só a uma distância razoável”, eu disse. “Eu preciso falar com a estátua”.
Agora eu tenho certeza que você está perdido, chefe, Blackjack disse, mas
fez o que eu pedi. Quando eu estava perto o suficiente para olhar o rosto da estátua,
eu disse: “Olá Hermes! Sequência de comando: Dédalo Vinte e Três. Matar Porcos
Voadores. Começar ativação!”.
Imediatamente a estátua começou a mexer as pernas. Ela parecia confusa ao
perceber que não estava mais no Terminal Grand Central. Ao invés disso, ela estava
voando, presa a uma corda e a um porco gigante. Ela arrebentou uma parte de uma
parede de tijolos, o que eu acho que a deixou meio brava. Ela balançou a cabeça e
começou a subir na corda.
Eu olhei de volta para a rua. Estávamos nos aproximando da biblioteca
municipal, com os grandes leões de mármore flanqueando as entradas. De repente,
eu tive um pensamento irado: As estátuas de pedra poderiam ser autômatos
também? Parecia louco, mas...
“Mais rápido”, eu falei pro Blackjack. “Fique a frente do porco. Insulte-o”.
Um chefe -.
“Confie em mim”, eu disse. “Eu posso fazer isso... eu acho”.
Oh, claro. Engane o cavalo.
Blackjack explodiu adiante pelo ar. Ele podia voar realmente rápido quando
quisesse. Ele chegou a frente do porco, que tinha um Hermes de metal nas costas.
Blackjack relinchou. Você fede como presunto! Ele deu um coice no focinho
do porco com seu casco traseiro e mergulhou. O porco rugiu de raiva e seguiu.
Nós paramos a alguns passos da biblioteca. Blackjack diminuiu o suficiente
para eu desmontar, depois continuou em direção a porta.
Eu gritei: “Leões! Sequência de comando: Dédalo Vinte e Três. Matar Porcos
Voadores. Iniciar ativação!”.
Os leões ficaram e me fitaram. Eles deviam achar eu estava brincando com
eles. Mas então: "REEEEEET!”.
O enorme monstro leitão cor de rosa aterrou com um baque, rachando a
calçada. Os leões o encaram, não acreditando em sua sorte e decalcaram. Ao mesmo
tempo, um Hermes muito raivoso pulou na cabeça do porco e começou a bater
impiedosamente nela com um caduceus. Os leões tinham garras bem antipáticas.
Eu peguei Contracorrente, mas não havia muito que fazer. O porco se
desintegrou diante de meus olhos. Eu quase me senti culpado. Esperei que ele
encontrasse o javali dos sonhos no Tártaro.
Quando o porco se esvaiu totalmente em areia, a estátua de Hermes e os leões
ficaram confusos.
“Vocês podem defender Manhattam agora”, eu falei, mas eles não pareciam
me ouvir. Eles começaram a correr pela Park Avenue, e eu imaginei que eles
continuariam a procurar porcos voadores ate que alguém os desativasse.
Hey, chefe, Blackjack disse. Podemos fazer uma pausa para comer Donuts?
Eu limpei o suor da sobrancelha. “Eu adoraria, grandão, mas a luta ainda está
rolando”.
Na verdade, eu podia senti-la chegando mais perto. Meus amigos precisavam
de ajuda. Eu montei Blackjack e nós voamos na direção dos sons das explosões.
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