A má notícia; era um beco sem saída. Após correr alguns metros, chegamos em uma
enorme rocha que bloqueou completamente o nosso caminho. Atrás de nós, sons de
passos arrastados e respiração pesada ecoavam no corredor. Algo — definitivamente
não humano — estava no nosso encalço.
“Tyson,” disse, “você pode —”
“Sim!” Ele bateu seu ombro contra a rocha com tanta força que o túnel todo tremeu.
Poeira caiu do teto de pedra.
“Depressa!” Grover disse. “Não coloque o teto abaixo, mas se apresse!”
A rocha finalmente cedeu com um barulho de trituração horrível. Tyson a empurrou
para uma pequena sala e nós atravessamos por trás dela.
“Feche a passagem!” Annabeth disse.
Nós todos fomos para o outro lado da rocha e empurramos. Seja o que for que estava
nos perseguindo gemeu de frustração conforme colocamos a rocha de volta na passagem
selando o corredor.
“Nós o prendemos,” falei.
“Ou nos prendemos,” disse Grover.
Eu girei. Estávamos em uma sala de seis metros quadrangular de cimento e a parede
oposta era coberta com barras metálicas. Nós havíamos entrado direto em uma cela.
***
Através das barras podíamos ver fileiras de celas em um anel em torno de um
escuro pátio — pelo menos três andares de portas de metal e passadiços de metal.
“Uma prisão,” eu disse. “Talvez Tyson possa quebrar —”
“Shh,” disse Grover. “Ouça.”
Em algum lugar acima de nós, profundos soluços ecoavam através do edifício. Havia
um outro som também — uma voz rouca balbuciando algo que eu não podia entender.
As palavras eram estranhas, como pedras em um copo de vidro.
“Que língua é essa?” sussurrei.
O olho de Tyson se arregalou. “Não pode ser.”
“O quê?” perguntei.
Ele agarrou duas barras na porta da nossa cela e as entortou o suficiente até para um
Ciclope atravessar.
“Espere!” Grover chamou.
Mas Tyson não iria esperar. Corremos atrás dele. A prisão era escura, apenas algumas
luzes opacas fluorescentes cintilavam acima.
“Eu conheço este lugar,” Annabeth me disse. “Isto é Alcatraz.”
“Você quer dizer a ilha perto de São Francisco?”
Ela assentiu. “Minha escola fez uma viagem de campo aqui. É como um museu.”
Não parecia possível que pudéssemos ter saído do Labirinto do outro lado do país, mas
Annabeth esteve vivendo em São Francisco o ano todo, mantendo um olho no Monte
Tamalpais através da baía. Ela provavelmente sabia do que ela estava falando.
“Pare,” advertiu Grover.
Mas Tyson continuou. Grover agarrou o braço dele e o puxou de volta com
toda a sua força. “Pare, Tyson!” ele sussurrou. “Você não consegue ver?”
Olhei para onde ele estava apontando, e meu estômago fez um salto mortal. Na sacada
do segundo andar, no outro lado do pátio, estava um monstro mais horrível do que
qualquer coisa que eu já tinha visto antes.
Era como uma espécie de centauro, com corpo de mulher da cintura para cima. Mas em
vez da parte de baixo de um cavalo, tinha o corpo de um dragão — de pelo menos
seis metros de comprimento, preto e escamoso com enormes garras e uma cauda
farpada. Suas pernas pareciam que estavam emaranhadas em videiras, mas então
percebi que eram cobras brotando, centenas de víboras se esforçando em volta,
procurando constantemente algo para morder. O cabelo da mulher também era feito de
serpentes, como o da Medusa. Mais estranho de tudo, em torno de sua cintura, onde a
parte mulher encontrava a parte dragão, sua pele borbulhava e se transformava,
ocasionalmente produzindo cabeças de animais — um lobo maligno, um urso, um leão,
como se ela estivesse usando um cinto de criaturas mutantes. Tive a sensação que estava
olhando para algo meio formado, um monstro tão antigo que existia desde o início dos
tempos, antes das formas terem sido totalmente definidas.
“É ela,” Tyson choramingou.
“Desçam!” Grover disse.
Nós nos agachamos nas sombras, mas o monstro não estava prestando qualquer atenção
em nós. Ela parecia estar falando com alguém dentro de uma cela no segundo piso. Era
de onde os soluços estavam vindo. A mulher-dragão disse algo em seu estranho e
estrondoso idioma.
“O que ela está dizendo?” murmurei. “O que é essa língua?”
“A língua dos tempos antigos.” Tyson tremeu. “A que a Mãe Terra falou com os
Titãs e... suas outras crianças. Antes dos deuses.”
“Você entende isso?” perguntei. “Pode traduzir?”
Tyson fechou o olho e começou a falar em uma horrível, rouca imitação da voz da
mulher. “Você vai trabalhar para o mestre ou sofrer.”
Annabeth estremeceu. “Odeio quando ele faz isso.”
Como todos os Ciclopes, Tyson tem super audição e uma capacidade inigualável
para imitar vozes. Era quase como se ele entrasse em um transe quando falava em outras
vozes.
“Não servirei,” Tyson disse em uma voz profunda e ferida.
Ele mudou para a voz do monstro: “Então eu apreciarei a sua dor, Briares.” Tyson
vacilou quando disse aquele nome. Eu nunca ouvira ele romper um personagem quando
estava imitando alguém, mas ele soltou um som estrangulado. Então ele continuou na
voz do monstro. “Se você achou a sua primeira prisão insuportável, você ainda não
sentiu o verdadeiro tormento. Pense sobre isto até que eu retorne.”
A mulher-dragão foi em direção à escadaria, víboras sibilando ao redor de suas pernas
como uma saia de grama. Ela abriu asas que eu não notara antes — enormes asas
maléficas que ela mantinha dobradas em suas costas de dragão. Ela saltou do passadiço
e voou sobre o pátio. Nós nos agachamos mais nas sombras. Um vento quente sulfuroso
golpeou meu rosto quando o monstro voou acima. Então ela desapareceu ao virar a
esquina.
“H-h-horrível,” disse Grover. “Eu nunca havia sentido um monstro que cheirava
tão forte.”
“Pior pesadelo dos Ciclopes,” Tyson murmurou. “Kampê.”
“Quem?” perguntei.
Tyson engoliu em seco. “Todos os Ciclopes sabem sobre ela. Histórias sobre ela
nos assustam quando somos bebês. Ela era o nosso carcereiro nos anos ruins.”
Annabeth assentiu. “Eu me lembro agora. Quando os Titãs governavam, eles
aprisionaram as primeiras crianças de Gaia e Urano — os Ciclopes e os Hecatônquiros.”
“Os Heca-o quê?” perguntei.
“Os de Cem-Mãos,” disse ela. “Eles os chamavam assim porque... bem, eles tinham
uma centena de mãos. Eles eram os irmãos mais velhos dos Ciclopes.”
“Muito poderosos,” disse Tyson. “Maravilhosos! Tão altos quanto o céu. Tão fortes que
podiam quebrar montanhas!”
“Legal,” falei. “Salvo se você for uma montanha.”
“Kampê era a carcereira,” disse ele. “Ela trabalhava para Cronos. Ela mantinha os
nossos irmãos aprisionados no Tártaro, torturava-os sempre, até que Zeus veio. Ele
matou Kampê e libertou os Ciclopes e os de Cem-Mãos para ajudar a combater os Titãs
na grande guerra.”
“E agora Kampê está de volta,” eu disse.
“Ruim,” Tyson resumiu.
“Então quem está naquela cela?” perguntei. “Você disse um nome —”
“Briares!” Tyson se animou. “Ele é um de Cem-Mãos. Eles são tão altos quanto o céu e
—”
“É,” falei. “Eles quebram montanhas.”
Olhei para as celas acima de nós, imaginando como algo tão alto quanto o céu poderia
caber em uma pequena cela, e por que ele estava chorando.
“Eu acho que devemos dar uma olhada,” Annabeth disse, “antes que Kampê volte.”
***
primeira vez a criatura dentro, eu não tive certeza para o que eu estava olhando. Ele era
do tamanho de um homem e sua pele era muito pálida, da cor de leite. Ele usava uma
tanga como uma grande fralda. Seus pés pareciam muito grandes para o seu corpo, com
unhas rachadas e sujas, oito dedos em cada pé. Mas a metade superior do corpo dele era
a parte estranha. Ele fazia Jano parecer completamente normal. Do seu tórax brotavam
mais braços do que eu podia contar, em fileiras, por toda a volta do seu corpo. Os
braços pareciam braços normais, mas havia tantos deles, todos emaranhados juntos, de
forma que seu peito parecia uma garfada de espaguete que alguém havia enrolado.
Várias de suas mãos estavam cobrindo seu rosto enquanto ele soluçava.
“Ou o céu não é tão alto como costumava ser,” murmurei, “ou ele é baixo.”
Tyson não prestou nenhuma atenção. Ele caiu de joelhos.
“Briares!” ele chamou.
O soluçar parou.
“Grandioso de Cem-Mãos!” disse Tyson. “Ajude-nos!”
Briares olhou para cima. Seu rosto era comprido e triste, com um nariz torto e dentes
ruins. Ele tinha olhos castanhos profundos — quero dizer completamente castanhos sem
brancos ou pupilas negras, como olhos formados do barro.
“Corra enquanto pode, Ciclope,” disse Briares miseravelmente. “Eu não posso sequer
me ajudar.”
“Você é um de Cem-Mãos!” Tyson insistiu. “Você pode fazer qualquer coisa!”
Briares limpou o nariz com cinco ou seis mãos. Várias outras estavam mexendo
com pequenos pedaços de metal e madeira de uma cama quebrada, do jeito que
Tyson sempre brincava com partes sobressalentes. Era incrível de assistir. As mãos
pareciam ter uma mente própria. Elas construíram um barco de brinquedo com a
madeira, então o desmontaram tão rápido quanto. Outras mãos estavam arranhando o
chão de cimento sem razão aparente. Outras estavam jogando pedra, papel, tesoura.
Algumas outras estavam fazendo marionetes de cãezinhos e patinhos nas sombras
contra a parede.
“Eu não posso,” Briares lastimou-se. “Kampê voltou! Os Titãs ressurgirão e nos atirarão
no Tártaro.”
“Coloque a sua cara corajosa!” disse Tyson.
Imediatamente o rosto de Briares se transformou em outra coisa. Os mesmos olhos
castanhos, mas de outra forma feições totalmente diferentes. Ele tinha um nariz
arrebitado, sobrancelhas arqueadas, e um sorriso estranho, como se ele estivesse
tentando ser corajoso. Mas então seu rosto voltou para o que tinha sido antes.
“Nada bom,” disse ele. “Minha cara assustada continua voltando.”
“Como você fez aquilo?” perguntei.
Annabeth me cutucou. “Não seja rude. Todos os de Cem-Mãos têm cinqüenta
expressões diferentes.”
“Deve ser difícil tirar uma foto para o anuário,” falei.
Tyson ainda estava fascinado. “Vai ficar tudo bem, Briares! Vamos ajudar você! Posso
ter o seu autógrafo?”
Briares fungou. “Você tem cem canetas?”
“Pessoal,” Grover interrompeu. “Temos que sair daqui. Kampê vai voltar. Ela vai nos
sentir mais cedo ou mais tarde.”
“Quebre as barras,” Annabeth disse.
“Sim!” Tyson disse, sorrindo com orgulho. “Briares pode fazer isso. Ele é muito
forte. Mais forte do que Ciclopes até! Olhe!”
Briares choramingou. Uma dúzia de mãos começou a jogar adoleta, mas nenhuma delas
fez qualquer tentativa de romper as barras.
“Se ele é tão forte,” eu disse, “porque está preso na cadeia?”
Annabeth me cutucou nas costelas novamente. “Ele está apavorado,” ela sussurrou.
“Kampê o aprisionou no Tártaro por milhares de anos. Como você se sentiria?”
O de Cem-Mãos cobriu seu rosto de novo.
“Briares?” Tyson perguntou. “O que... o que está errado? Mostre-nos a sua
grande força!”
“Tyson,” Annabeth disse, “acho melhor você quebrar as barras.”
O sorriso de Tyson derreteu lentamente.
“Eu vou quebrar as barras,” ele repetiu. Ele agarrou a porta da cela e a arrancou das
dobradiças como se fossem feitas de argila molhada.
“Vamos, Briares,” Annabeth disse. “Vamos tirar você daqui.”
Ela estendeu sua mão. Por um segundo, o rosto do Briares se transformou para uma
expressão esperançosa. Vários dos seus braços se estenderam, mas o dobro bateu neles,
afastando-os.
“Eu não posso,” ele falou. “Ela vai me punir.”
“Está tudo bem,” Annabeth prometeu. “Você lutou contra os Titãs antes, e venceu,
lembra?”
“Eu me lembro da guerra.” A face de Briares se metamorfoseou novamente — ergueu
uma sobrancelha e fez beicinho. Sua face meditativa, acho. “O raio abalou o
mundo. Nós jogamos muitas rochas. Os Titãs e os monstros quase ganharam. Agora
eles estão ficando forte novamente. Kampê disse.”
“Não dê ouvidos a ela,” disse. “Vamos!”
Ele não se moveu. Eu sabia que Grover estava certo. Nós não tínhamos muito
tempo antes que Kampê voltasse. Mas eu não podia simplesmente deixá-lo aqui. Tyson
iria chorar por semanas.
“Um jogo de pedra, papel, tesoura,” eu disse abruptamente. “Se eu ganhar, você vem
conosco. Se eu perder, nós vamos deixar você na cela.”
Annabeth me olhou como se eu fosse louco.
O rosto do Briares se transformou em duvidoso. “Eu sempre ganho pedra, papel,
tesoura.”
“Então vamos lá!” Eu bati meu punho na palma de minha mão três vezes.
Briares fez o mesmo com todas as cem mãos, o que soou como um
exército marchando três passos a frente. Ele veio com toda uma avalanche de
rochas, um conjunto completo para sala de aula de tesouras, e papel suficiente para fazer
uma frota de aviões.
“Eu te disse,” ele falou tristemente. “Eu sempre —” Seu rosto se transformou para
confusão. “O que é que você fez?”
“Uma arma,” eu disse a ele, mostrando-lhe o meu dedo revólver. É um truque que Paul
Bayck havia feito comigo, mas eu não ia contar isso a ele. “Uma arma bate qualquer
coisa.”
“Isso não é justo.”
“Eu não disse nada sobre justo. Kampê não vai ser justa se nós ficarmos por aqui. Ela
vai culpar você por destruir as barras. Agora vamos!”
Briares fungou. “Semideuses são trapaceiros.” Mas ele se ergueu lentamente e nos
seguiu para fora da cela.
Comecei a me sentir esperançoso. Tudo o que tínhamos que fazer era descer as escadas
e encontrar a entrada do Labirinto. Mas então Tyson congelou.
No piso logo abaixo, Kampê estava rosnando para nós.
***
Nós fugimos pelo passadiço. Desta vez Briares ficou feliz em nos seguir. Na verdade ele
correu na frente, uma centena de mãos se agitando em pânico.
Atrás de nós, eu ouvi o som das asas gigantes quando Kampê ganhou o ar. Ela
sibilou e rosnou na sua língua milenar, mas eu não precisava de uma tradução para
saber que ela estava planejando nos matar.
Nós corremos escada abaixo, através de um corredor, e passamos um posto de guarda
— que saia em outro bloco de celas da prisão.
“Esquerda,” Annabeth disse. “Eu me lembro disto no tour.”
Nós irrompemos para fora e nos encontramos no pátio da prisão, cercado por torres de
segurança e arame farpado. Depois de estar no subterrâneo por tanto tempo, a luz do
dia quase me cegou. Turistas estavam andando em volta, tirando fotografias. O
vento açoitava frio vindo da baía. No sul, São Francisco brilhava branca e linda, mas no
norte, sobre a montanha Tamalpais, gigantescas nuvens de tempestade se agitavam.
O céu todo parecia um cume negro rodopiando da montanha onde Atlas estava
aprisionado, e onde o palácio Titã do Monte Ótris estava se erguendo novamente. Era
difícil acreditar que os turistas não pudessem ver a tempestade sobrenatural se
preparando, mas eles não deram nenhum indício de que algo estava errado.
“Está ainda pior,” Annabeth disse, olhando para o norte. “As tempestades
têm sido ruins o ano tudo, mas aquilo —”
“Continue correndo,” Briares gemeu. “Ela está atrás de nós!”
Corremos para a parte mais afastada do pátio, o mais longe possível do bloco de celas.
“Kampê é muito grande para passar pelas portas,” eu disse esperançoso.
Então a parede explodiu.
Turistas gritavam enquanto Kampê surgia a partir da poeira e escombros, suas
asas abertas tão amplamente quanto o pátio. Ela estava segurando duas espadas —
longas cimitarras de bronze que brilhavam com uma estranha aura esverdeada, feixes
de vapor em ebulição que cheirava azedo e quente mesmo do outro lado do pátio.
“Veneno!” Grover ganiu. “Não deixe essas coisas tocarem em vocês, ou ...”
“Ou nós vamos morrer?” eu supus.
“Bem... depois de você secar lentamente até virar poeira, sim.”
“Vamos evitar as espadas,” decidi.
“Briares, lute!” Tyson instou. “Cresça completamente!”
Em vez disso, Briares pareceu como se estivesse tentando encolher ainda mais.
Ele parecia estar usando sua cara de terror absoluto.
Kampê lampejou na nossa direção em suas pernas de dragão, centenas de
cobras deslizarando em torno de seu corpo.
Por um segundo pensei em destampar Contracorrente e enfrentá-la, mas meu coração
foi parar na minha garganta. Então Annabeth disse o que eu estava pensando: “Corra.”
Este foi o fim do debate. Não havia luta contra esta coisa. Corremos através do pátio da
cadeia e para fora das portas da prisão, o monstro bem atrás nós. Mortais gritavam e
corriam. Sirenes de emergência começaram a tocar.
Chegamos ao cais justo quando um barco de tour estava descarregando. O novo grupo
de visitantes congelou quando nos viram correndo em sua direção, seguidos por uma
multidão de turistas assustados, seguidos por... não sei o que eles viram através
da Névoa, mas não deve ter sido bom.
“O barco?” Grover perguntou.
“Muito lento,” disse Tyson. “Voltar para o labirinto. Única chance.”
“Precisamos de uma distração,” Annabeth falou.
Tyson arrancou um poste metálico do chão. “Eu vou distrair Kampê.
Vocês corram adiante.”
“Eu vou ajudá-lo,” falei.
“Não,” disse Tyson. “Você vai. Veneno vai machucar Ciclope. Muita dor. Mas
não vai matar.”
“Tem certeza?”
“Vá, irmão. Eu encontro você lá dentro.”
Eu odiei a ideia. Eu quase perdera Tyson uma vez antes, e eu não queria sequer
correr esse risco novamente. Mas não havia tempo para discutir, e eu não tinha nenhuma
ideia melhor.
Annabeth, Grover, e eu pegamos cada um uma das mãos de Briares e o arrastamos para
os estandes de admissão enquanto Tyson rugiu, baixou o seu poste, e atacou Kampê
como um cavaleiro em combate.
Ela olhava fixamente para Briares, mas Tyson atraiu sua atenção logo que ele a
acertou no peito com o poste, empurrando-a de volta para a parede. Ela guinchou e
cortou com suas espadas, fatiando o poste em pedacinhos. Veneno gotejava em poças ao
redor dela, esquentando o cimento.
Tyson pulou para trás enquanto o cabelo de Kampê açoitava e sibilava, e as víboras em
torno de suas pernas lançaram suas línguas em todas as direções. Um leão apareceu
entre as faces meio-formadas da sua cintura e rugiu.
Conforme corremos para os blocos de celas, a última coisa que vi foi Tyson erguer um
estande de sorvetes Dippin’ Dots e arremessá-lo em Kampê. Sorvete e
veneno explodiram para todo lado, todas as pequenas serpentes no cabelo de Kampê
pontilhadas de tutti-frutti.
Nós nos arremessamos de volta para o pátio da prisão.
“Não posso fazer isso,” Briares bufou.
“Tyson está arriscando a vida dele para ajudar você!” Eu gritei para ele. “Você vai fazer
isso.”
Quando alcançamos a porta do bloco de celas, ouvi um rugido zangado. Eu olhei para
trás e vi Tyson correndo em direção a nós a toda velocidade, Kampê atrás dele. Ela
estava emplastada de sorvete e camisetas. Uma das cabeças de urso na cintura dela
estava agora usando um par de óculos de plástico tortos de Alcatraz.
“Depressa!” Annabeth falou, como se eu precisasse que me dissessem isso.
Nós finalmente encontramos a cela por onde havíamos entrado, mas a parede de trás
estava completamente lisa — sem sinal de uma rocha ou algo do tipo.
“Procure pela marca!” Annabeth disse.
“Ali!” Grover tocou um pequeno arranhão, e ele se tornou um grego. A
marca de Dédalo brilhou azul, e o muro de pedras se abriu.
Lento demais. Tyson estava vindo através do bloco de celas, as espadas de Kampê
golpeando atrás dele. Ela estava atrás dele, fatiando indiscriminadamente pelas celas e
paredes de pedra.
Empurrei Briares para dentro do labirinto, em seguida Annabeth e Grover.
“Você pode fazer isso!” Eu disse para Tyson. Mas imediatamente eu soube que ele não
conseguiria, Kampê estava ganhando. Ela levantou suas espadas. Eu precisava de uma
distração — algo grande. Bati no meu relógio de pulso e ele se transformou em um
escudo de bronze. Desesperadamente, eu o joguei no rosto do monstro.
SMACK! O escudo a atingiu no rosto e ela vacilou apenas o suficiente para Tyson
passar por mim e mergulhar no labirinto. Eu estava bem atrás dele.
Kampê atacou, mas ela estava muito atrasada. A porta de pedra se fechou e sua
magia nos selou. Eu pude sentir todo o túnel tremer com Kampê esmurrando-o, rugindo
furiosamente. Todavia nós não ficamos por perto para brincar de “toc, toc” com ela.
Nós corremos para a escuridão, e pela primeira vez (e última) eu estava feliz por estar
de volta ao labirinto.
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